Na manhã do segundo dia do Seminário da Abruem as Câmaras Técnicas de Gestão, Governança e Legislação e de Pós-Graduação foram as responsáveis pelas palestras. O evento, que discute os "Desafios do Ensino Remoto Emergencial na Educação Superior", contou com a participação de reitores e representantes de universidades de todo o Brasil.
A primeira apresentação realizada, coordenada pelo vice-presidente da Abruem, Pedro Falcão, teve como temática "Gestão, Governança e Legislação nas Universidade Estaduais e Municipais em tempos de pandemia". Diversos membros da Câmara apresentaram suas experiências.
Em sua fala, o presidente da Câmara, professor Francisco do O' de Lima, explanou sobre os objetivos principais da Câmara Técnica, entre eles compartilhar e propor medidas que visem o aprimoramento da atividade-meio nas instituições afiliadas; fortalecer reflexões e propor estudos nos processos gerenciais, legislativos e administrativos; e compartilhar experiências de boas práticas administrativas, alinhadas a medidas legais que garantam a autonomia política, orçamentária e financeira. Além disso, ele destaca como uma das metas do trabalho que eles têm desenvolvido o fortalecimento dos processos de autonomia, gestão, governança e legislação das universidades associadas, provendo redes interinstitucionais e intergovernamentais.
O professor explanou sobre o contexto da pandemia e como isso teve influência nos trabalhos desenvolvidos e apresentou resoluções, portarias, medida provisória, diretrizes e legislações estaduais e municipais que foram criadas a partir da pandemia da covid-19. Também destacou as normativas criadas pelas universidades afiliadas à Abruem para o enfrentamento dos desafios postos neste momento histórico.
Entre as inúmeras ações, procedimentos e questões normatizadas pelas universidades para o enfrentamento à pandemia, o professor salientou algumas como: a suspensão das atividades presenciais e subsequentes prorrogações; criação de Comitês de Monitoramento das ações de prevenção e combate ao novo coronavírus; instituição e regulamentação do teletrabalho; regulamentação de reuniões e deliberações resultado de reuniões por meios digitais; e regulamentação de defesa de teses e dissertações por videoconferência.
Experiências
Ainda dentro da programação da Câmara Técnica de Gestão, Governança e Legislação, foram relatadas experiências de diversas universidades com relação à temática proposta. O reitor e a pró-reitora de Administração do Uni-Facef, José Alfredo Guerra e Melissa Cavalcanti, destacaram as medidas de gestão tomadas no enfrentamento da covid-19 pela Universidade, bem como as principais preocupações e os resultados a partir do que foi implementado.
Em sua fala, o reitor da Uema, Gustavo Pereira, ressaltou que estamos em um momento que nos fortalece, que desperta em nós a solidariedade. Ele explicou que não sairemos do outro lado do túnel, da pandemia, os mesmos e levantou algumas questões importantes como: quais atitudes e normas que estão sendo implementadas restarão após a pandemia?; e de que forma a cultura de nossas universidades será afetada após a pandemia? "Temos conseguido driblar a realidade, vencer os obstáculos com muito companheirismo entre nós e criatividade", relatou professor ao afirmar também que as universidades terão que repensar a forma como se planeja.
Já o reitor da Uepa, professor Rubens Cardoso, fez uma reflexão no sentido de que os seres humanos não podem olhar o passado e o transformar e nem prever o futuro, no entanto podem se antecipar e presidir esse futuro. "A humanidade está vivendo uma mudança de era que já foi estabelecida há muito tempo. Temos que reanalisar as questões postas para entender o que aconteceu", ressalta. O reitor também afirma que uma governança corporativa que não se auto observe, se auto examine, está fadada a não apresentar soluções.
Pós-Graduação
Na segunda parte da manhã, o Seminário discutiu "O ensino remoto no âmbito da pós-graduação: desafios e perspectivas para o pós-pandemia". A responsável pela palestra foi a docente do Programa de Pós-Graduação Profissional em Ciência da Informação da Universidade Federal de Sergipe, Renata Ferreira.
A professora explicou que sua fala seria construída a partir de uma pessoa de humanas e que acredita que a educação é o lugar de pensar o humano. "Estamos falando muito das questões tecnológicas, das soluções técnicas para o que estamos passando, mas falamos muito pouco da matéria humana, estamos deixando o essencial de lado, mesmo vivendo um momento de alta instabilidade emocional", relata.
Renata Ferreira acredita muito nas Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC´S), mas não como solução salvacionista como tem sido posto. "Elas facilitam a nossa vida, com flexibilização do tempo, mais autonomia discente, mas proporcionam altas taxas de evasão, dificuldades de acesso", relata.
A professora construiu sua fala a partir de um texto literário e abordou, com um olhar diferenciado, aspectos ainda pouco debatidos. Ela falou da transformações pelas quais estamos passando, do tempo de se afastar dos abraços, que, inclusive, é bíblico, e do tempo do "novo normal".
Ela explica que o sentimento que percebe frequentemente nos professores e alunos, sobretudo os de pós-graduação, é o de solidão e incapacidade.
"Como sei que meu aluno aprendeu? Como devo avaliá-lo? Deve ser da mesma forma que no ensino presencial? Qual a verdade do meu aluno? Qual a realidade social desse aluno? Eu me importo com isso e acredito que todos deveríamos nos importar".